O primeiro cuidado do “Soberano” eleito consiste realmente em organizar e despachar logo depois da pascoa as folias ou bandos precatorios encarregados de esmolar no municipio. Escolhem para esse fim um grupo de homens chamados “foliões” apronta-os com roupas, calçados, viveres e bons animais de montarias e de carga, vistosamente aerados. Manda os em grupo de 08, 10 ou mais individuos, chefiados pelo alferes da bandeira, e ladeado pelos tocadores de violas e caixas de rufar, com as comitivas, seguem atraz , e as vezes na frente, o “bagageiro” encarregado das cargas e das cozinhas e mais atraz ainda marcham os “tangedores” de gados e animais oferidos ao divino, ao longo da peregrinação.
Sentimos não poder tranascrever aqui as cantigas moduladas pelos foliões, umas decoradas, outras impriovisiadas e inspiradas por circunstancias e pelas situações diversas dos moradores visitados. Há versos especiais para cumprimentar o casal legitimo, outros para saudar viuvos, e saudar os servidores do divino.
As pequenas ofertas servem para os banquetes pantagruelicos, durante as solienidades. Os bois, bezerros, cavalos e poldrinhos serão vendidos em leilão pelo “Imperador” e organizados de tal maneira que o “Soberano” sertanejo e seus comparsas ladinos ficarão por baixo preço, donos de verdadeiras fazendas. Este e outro grave abuso resultante das folias; mas a devoção ao Divino está de tal forma enraizada que ninguem se atreve a criticar as manobras do eleito. Tudo que o festeiro fizer tá feito e o povo continua a entregar-lhe, de olhos fechados, os objetos de suas promessas
Chega em fim os dias do imperio. Dia e Noite pelas estradas, caminham devotos empenhados em não perder nada dos festejos. Na vespera do pentecostes, a noite, realiza-se o primeiro ato, a solene coroação do imperador, panpero cortejo conduz o principe a igreja ou capela, indo à frente a bandeira desfraldada, ao lado panjos carregando , em lindas bandeijas, a coroa e o cedro, atrás os musicos e os cantores, com voilas, sanfonas, pandeiros e caixas. A muitidão acompanha, empunhando velas acesas e repetindo os vivas entre tremendos estrondos de roqueiros e o espocar dos foguetes.
Um dia antes da festa do Imperador do Divino, a Nossa Senhora do Rosario, e a festa do mastreiro de cada divindade; cada festeiro deve levar o seu mastro com sua bandeira na ponta até a igreja matriz de São Miguel, e após, grande coquetel para agradar a população, que impulsionda pelos toques foguetes e bebidas, fica disposta a festejar dia e noite
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